Aldeia Natal

Aldeia Natal

Em 25 de Dezembro de 1971 a CART 2731 foi substituída na Aldeia Capitão por uma outra Companhia e transferida para uma zona isolada, entre Santa Cruz e a picada que ligava Quicua a Sanza Pombo. Ficámos instalados a cerca de 25 quilómetros de Santa Cruz e a 10 de Quicua, que eram as localidades habitadas mais próximas do nosso novo acampamento.

Quando aqui chegámos não existia nada no local e fomos nós que construímos o acampamento, numa zona mais ou memos plana, que tinha ardido muito recentemente. Na fotografia, amavelmente cedidda pelo João Branco, ex-soldado da CART 2731, pode ver-se, em plano de fundo, os restos de uma árvore queimada. As tendas foram instaladas em cima de terra queimada, completamente preta, no meio de restos de árvores, que tinham sido quase totalmente destruídas pelo fogo.

A este acampamento foi dado o nome de Aldeia Natal porque a nossa chegada àquele local coincidiu com o dia de Natal

A nossa missão era, mais uma vez, dar protecção a uma Companhia de Engenharia, que estava a fazer a manutenção da picada entre Quicua e Sanza Pombo, que se tornou intransitável devido às chuvas torrenciais que caiam naquela zona.

Na Aldeia Capitão, embora isolados do mundo, tínhamos as condições mínimas para viver. Aqui, na Aldeia Natal, não tinhamos praticamente nada para ocupar as nossas horas de ócio. Durante o tempo que lá permanecemos, para além de darmos protecção à Companhia de Engenharia e de irmos, diariamente, à água e à lenha para satisfazer as necessidades do destacamento, apenas fomos uma vez a Sanza Pombo, buscar víveres para reabastecimento da Companhia, e outra a Quicua, para defrontarmos a equipa de futebol da Companhia que ali estava instalada.

Nesta zona predominava o capim e a mata quase não existia. Já não posso precisar exactamente o tempo, mas penso que a nossa estadia neste local terá durado pouco mais de dois meses, após os quais regressámos a Ambriz.

Última actualização em 2008-06-30
Franquelino Santos, Ex- Furriel Mil. da CART 2731